terça-feira, abril 06, 2004

XXVIII


Meu chapéu de Indiana Jones,
fumando um Marlboro,
bebendo uma Budweiser,
ouvindo Kiss, do Prince.

Sou brasileiro, engraçado,
não sei que cultura me ensinou
a ter esta cara de cowboy aposentado.


XXIX

O suor da tua testa,
palavras que a dança escreve,
usando teu corpo como papel.

Quando tu danças,
embarco na nave que parte
rumo ao planeta sexo.

Somos filhos do prazer,
fugindo da dor,
brincamos de felicidade.

R. P. S. , tudo o que não sei,
vivo querendo aprender contigo,
prá esquecer logo depois.

Engraçado como a vida é pendular,
e a felicidade só,
não movimenta essa roda infinita.

S. L. 5-4-95

XXX


Poema do ciúme fundado.

Ai, meu amor,
sem a doçura dos teus beijos,
estou fadado
a morrer de fome.

Mas eu te quero só prá mim.
Não sei te dividir,
não quero um pedaço,
é tudo ou nada.

Ai, meu amor,
sem o calor do teu abraço,
estou fadado
a morrer de frio.

Mas no inverno da minha vida,
tens o cobertor exato
para o tamanho das minhas noites.
Se puxas um pouquinho,
fico como sem.
É tudo ou nada.

Ai, meu amor,
sem a certeza das tuas palavras,
estou fadado
a morrer de tédio.

Mas se mais alguém te ouve,
é como se eu desaprendesse
a falar tua língua
e fosse morar num país estranho.
É tudo ou nada.

Mas se o teu tudo é a vida
e o teu nada, a morte,
aprendo que sem ti não tenho saída,
e sou carregado pelos dias,
como a terra pelo rio,
até o mar.

Sem vontades,
sem vaidade,
só o destino
e a solidão.

S. L. 10-4-95


XXXI


É como se alguém morresse
e não houvesse mesmo justiça no mundo.
A que deus elevar preces e lamentações ?

É como o frio do outono
e a gente sempre veste roupa demais
ou de menos.

É acordar no outro dia
e só ter como companhia
uma vaga dor de cabeça sem motivo.

É ganhar umas flores muito lindas
e não ter em casa
um vaso bonito onde colocá-las.

Assim é essa sombra de vida,
longe do teu sorriso.


XXXII


Eu sei da tua dor.
Não sei como curá-la,
mas estou aqui,
como a mais humilde
das criaturas de Deus,
esperando e crendo
que tu saibas aprender
com toda essa situação.

Aguardando
que tu venhas beber
na fonte secreta do meu coração,
a água cristalina
da paz e do amor
que dedico a ti,
flor única da minha vida,
pessoa que vê em mim
um homem melhor,
que sabe vencer em mim
as barreiras que os sofrimentos,
solidificaram nestes anos de solidão.


Eu sei da tua dor,
eu acredito em ti.
Nas horas em que dói mais estar vivo,
é bom saber do teu sorriso.
Nos momentos em que não penso em ti,
realmente não estou pensando,
estou só sentindo
toda esta maravilha
que é estar com a minha alma
bem pertinho da tua.

Eu sei da tua dor
e sei de muitas outras verdades
que fazem parte da tua vida.
Verdades que jamais te poderei dizer,
porque elas não encontram nas palavras,
um meio de expressão autêntico.
Rita, sei do tamanho da minha babaquice,
sou uma criança grande, eu sei,
habitam em mim ela e um velho,
que estão numa discussão eterna.
Mas acima das minhas possibilidades,
está um eu mais que perfeito,
que me carrega nos braços,
quando sinto que minhas pernas
estão para fraquejar.
E eu gostaria que tu também
soubesses deste teu eu maior,
que jamais te abandona,
porque tu também,
és filha de uma fagulha divina
que caminha rumo à perfeição.

S.L. 12-5-95
XXXIII


Sinto que por mim passam,
como pela janela, o vento,
banhos de uma energia suave,
com cheiro de jasmim,
e o poder transcendente,
das forças poderosas do amor.

Vai, minha amiguinha,
vai sorrir pros homens sós,
vai procurar em caminhos secretos,
cachoeiras perdidas,
em florestas escuras.
Não deixa que a tua lágrima
mate a tua sede de amor.
Existe a solidão
só pros que não sabem
amar se dando
e tem medo
de sentir medo.

Eu fico aqui te olhando,
com esta cara de quem
descobriu a solução.
Mas eu não tenho nas mãos,
mais que uma verdade nua, frágil
e tremendo de frio.
É essa verdade tristinha
que não me faz desistir.
Ela é esse sentimento,
muito maior que o mundo.

Se eu tivesse asas
prá viajar te carregando nos braços,
certamente conhecerias
meu lugar especial
e lá tu serias tão insuportavelmente feliz.
Tanto que te esquecerias a saudade
de um dia ter sofrido.
Mas isso é sonho e
aqui a vida é crua.

Somos todos filhos do mesmo engano, mana,
porque Deus estava de porre,
no dia em que criou a humanidade.
Por tudo isso,
eu deveria ser o mais amargo,
o mais cético dos homens de bem.
Mas toda a minha incredulidade cai,
quando descubro em mim,
aquele pedacinho que é teu,
e que tem sempre flores sorrindo,
nos canteiros das janelas.

Tudo já está escrito
e o homem segue lutando.
Então por que eu estaria quieto ?
Se na minha cabeça
existem mil cidades secretas,
cheias de mistério e solidão,
mas carregadas de sonhos...
S.L. 12-5-95

XXXIV


Existe um porto distante,
esquecido em mapas medievais,
no meio de uma capela branca,
dentro de um bosque escuro.

Neste porto mora um homem,
que traz nos braços as marcas do mar.
Nos ombros caídos e olhos enrrugados,
uma vida rica e aventurosa.

Mas esse homem escolheu este porto
entre todos os outros do mundo,
porque queria esquecer
um rosto que viu um dia,
numa cidade qualquer do hemisfério sul.

Num lugar estranho,
com tabernas e árvores,
e uma gente cheia da loucura de Deus:
Poetas, pintores e bailarinas;
Bêbados, drogados e prostitutas;
Santos, mártires e bruxas...
Todos convivendo numa harmonia
estranha e surpreendente.
Pois foi neste lugar,
que tinha lindos poentes,
num vale verdejante,
que o marinheiro cansado
encontrou a musa mais que perfeita.

Ela surgiu como numa aparição
e tomou conta de tal forma,
do coração daquele aventureiro,
que ele não teve mesmo como defender-se,
como proteger sua alma vadia
de velho lobo do mar.

Ele entregou-se como pode,
por que a vida havia lhe deixado
muitas marcas dolorosas
e ele não sabia ser doce.

Mas com suas mãos calejadas,
tentou mostrar àquele anjo,
que ainda havia nele
uma pontinha de esperança,
de se acomodar e ter uma família.

E finalmente ancorar
seu coração de homem sem destino,
que nunca fora de ninguém.

Porém esta mulher perfeita,
levou consigo o segredo
e o amor do homem,
que ficou tão só,
tão miseravelmente só,
que ele então se exilou,
no porto onde ninguém,
senão as cacatuas,
visitavam-no anualmente.

Existe para todo mundo,
este porto distante...

S.L. 12-5-95

XXXV


Queria ficar preso contigo no elevador.
Sentir-me angustiado, asfixiado
e me aninhar nos teus braços.

XXXVI

Chutei tua canela sob a mesa.
Palavras difíceis que disseste aos meus amigos.
Como é boa esta intimidade de casal.
Em casa vou ter que dar explicações.

XXXVII


Carência demente,
caminhos paralelos,
visão da janela.

Passei pelo ponto,
seguravas a mão da criança,
sorrias para ela.

Passei e assustado
olhei para ti.
Paixão relâmpago,
chamusquei o banco,
esquentei o ônibus,
queimei de amor.

Tudo em vão.
Jamais saberei teu nome,
teu perfume preferido,
aquele livro que uma amiga indicou
e tu nunca leste.
O grande amor da minha vida pode estar me esperando.

XXXVIII


Augusta flâmula bramida inutilmente,
nas policromáticas tardes caniculares.
O dinheiro é como um praga que,
acompanhada da dor,
persegue o homem em sua jornada
na busca de si mesmo.
Como o cão e seu rabo,
que nunca se encontrarão.


XXXIX

A vida está acesa em cada sorriso,
nas ruas onde o sol já se foi,
mas ainda não funcionam os postes.

É aquela hora mágica
quando se calam os passarinhos
e o velho pára de balançar a cadeira,
sem saber bem porquê.

Há uma reverência no ar.
O dia se despede num céu de fogo.
A noite se apresenta num azul escuro,
cor de infinito.

Eu só penso nos teus olhos
e em como só um Criador inspirado
teria feito um mundo tão lindo,
teria feito a ti, tão maravilhosa
e a mim, para sonhar versos
como quem respira amor.

s.l. 18-4-94

XL

Quanto tempo perdido
por medo de dizer sim.
Quanto orgulho na lata do lixo,
mais tarde.

Se o beijo apaixonado passou longe
e nunca mais voltou,
porque não brincar de amanhã
e aceitar todos os temores.

Sorrir?
Tento não chorar.
A vida tem sido boa.
Há os dias em que a chuva
molha meu rosto sem lágrimas.
Ainda outros em que o cachorro do vizinho
late para um gato imaginário.
A TV cospe a nova moda de Paris,
ou visto uma camisa limpinha, com cheiro de sol.

Vê agora que toda aquela agonia
não passou de nuvem passageira.
Ela está muito satisfeita com a última ficha
no orelhão da esquina:
- Adeus querido, a gente se vê por aí.

S.L. 10-9-94
XLI


Ontem, se eu soubesse amar,
tua flor faria de mim um poeta.
Mas sabê-la entre nós, perfumada,
já foi capaz de transformar
um momento silencioso
num poema de mil palavras.

Nunca saberemos ao certo
o que aconteceu naquele instante
e nossos netos não poderão identificar
em nossas rugas e cabelos brancos,
as marcas sutis que o tempo não desfaz.
Quando um homem, uma mulher
e uma flor desabrochada
comungam a maravilhosa harmonia
da natureza perfeita e acabada.

Guardei aquele momento
como a uma jóia preciosa
no cofre das saudades.
Quem sabe assim a felicidade
lembra de me visitar.

S. Leo 13-5-94



XLII




Apenas mais um segundo,
deixa meu amor vagabundo
querer a tua boca.

Quem sabe o tu calor
acabe com o torpor
da minha alma louca.

Imagina o que uma rima boa
faria por um amor assim.
Pequeno poeta sou, pobre de mim.

Nas palavras sou ruim, confesso,
mas é pouco o que te peço.
Esquece este poema à toa,
lembra do que sinto.


XLIII




Como falar de amor
se o que recebo são migalhas?
Se a amizade é motivo de paz,
falta ao poeta força para escrever,
falta paixão.

Não há justificativas para o sentimento,
ou se tem, ou não se tem.
Por isso não me rebelo
ante o teu jugo.

Mas sofro.
Desejo muito mais.
Penso que não devo,
porém sinto-me injustiçado.

Afinal, o que são uns beijinhos,
prá quem tem tanto amor transbordando
em cada gesto mal disfarçado?

Que caia o véu mulher.
Vem pros braços do teu urso de pelúcia,
quente e autenticamente amoroso.

S. L. 14/5/95

XLIV

Vai coração,
Indica por onde anda minha amada.
Vai que eu aqui espero ansioso,
Iludindo as horas de saudade
Abraçado numa garrafa.
Não há distância que nos separe,
Embora a solidão me assuste.


Você é a única
Ilusão de amor que
Carrego sem medo.
Apesar de preferir seus beijos.

Valeram aquelas palavras, mas
Ignoravas meu olhar, eu sei.
Coração quando quer falar
Arruma qualquer discurso ensaiado.

XLV


Agudo é o grito,
mas da boca não sai nada.
Perdi o prazer de dizer teu nome.

Toda vez que eu te penso, chove.
É mesmo assim que a natureza chora,
desde que as minhas lágrimas secaram.

Porque não consigo te esquecer?

A louça quebrada na cozinha.
Da torneira, só o vazio.
A casa perdeu as cortinas e os passarinhos.
Só eu fiquei aqui olhado pra saudade.

Lembro os teus pequeninos gestos,
colocando nos lugares certos,
cada lembrança.
Agora que o sonho se foi
restamos eu e o pó,
mais a vontade de ser outra pessoa.





XLVI



Enebriado pelo teu suave movimento,
caminho trôpego por ruela esquecida.
Quem me olhar nos olhos não me encontrará,
sou apenas um corpo com alma perdida.

Minha face não esconde o amor que sinto,
em cada gesto transmito esta alegria.
Perdi meu eu, sou só pensar em ti,
tu és minha luz e toda minha sabedoria.

E se és assim, mulher amada que vive em mim,
eu faço verso, orgulhoso de minha missão:
és minha musa, sou teu cantor.

Se com o tempo, tudo tem um fim,
o nosso não há de ser esta canção,
mas uma infinitude de palavras de amor.

S.L. 5/10/92





XLVII



Pretenção mulher

As loucuras que assim parecem,
devem ser por nós vividas apenas
como uma contingência da beleza
e do prazer a vida oportuniza,
ou proporciona,
dependendo do que delas fazemos.

Peço-te que permitas.

Se ouverem dores, que elas sejam mínimas
diante dos deslumbrantes momentos
de entrega, delírio e caminhos não trilhados,
mas, certamente,
descobertos com a delícia
de um mundo novo.

Eu não serei o teu perfeito querer,
mas o que importa?
Somos o que somos e sorrimos para o sol.





XLIV



A terra cansada do teu andar
O mundo cansado do teu olhar
A pele cansada de não tocar
O sorriso cansado de te esperar



XLV

Enebriado pelo teu suave movimento,
caminho trôpego por ruela esquecida.
Quem me olhar nos olhos não me encontrará
sou apenas um corpo com a alma perdida.

Minha face não esconde o amor que sinto,
em cada gesto transmito alegria.
Perdi meu eu, sou só pensar em ti,
Tu és minha luz e toda a minha sabedoria.

E se és assim, mulher amada que vive em mim,
eu faço verso, orgulhoso de minha missão:
és minha musa, sou teu cantor.

Se com o tempo, tudo tem um fim,
o nosso não há de ser esta canção,
mas uma infinitude de palavras de amor.

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