sexta-feira, maio 04, 2012

não preciso do teu silencio
pra parecer absorto.
quando não te sei,
me finjo de morto.

ligo aqui essa cápsula eletronica,
navego na ironia
de te buscar na rede,
e te encontrar dentro de mim.

mesmo assim sigo tentando
num telefone te azucrinando
ele segue tocando, tocando,
ninguém atende ao meu comando.

por isso vou me desencostar da nuvem.
eu sei que aqui não estás também.
o que for fazer de mim, faça bem,
porque não sou pai de ninguém.


boa noite, noite
o teu manto esconde
o açoite da solidão

fiel deleite
dos perdidos de amor
dos que erraram o rumo
e afundaram
sem solução

em tuas espaldas negras,
estrelas nunca navegadas,
teimam em conduzir
minha pobre poesia.

mas esse astrolábio,
está eternamente inalcançado
no olhar daquela ingrata

boa noite, noite
velha parceira
de silêncio e bênção

partilhemos ainda
uma vez mais
o veneno

dos beijos impossíveis
dos amores não vividos
dos dias sem porquê

tua desdita
me aconselha a não sentir.
mas tu mesma,
noite sem fim,
me conduzes suavemente
ao bálsamo das palavras.

essas sim, alívio e desafio
da minha vida, tão longe
do grande amor.