segunda-feira, janeiro 24, 2005

musa confusa

Nilo Neto
na mata virgem dos teus olhos,
meu caminhar urbano foi motivo de riso,
de 7.534 espécies de insetos,
sem contar os peludos e os voadores.

mesmo que eu quisessse
te dizer qualquer coisa,
fingir que te perdoava ou esquecia,
tudo estava definitivamente
fora de foco.

mas eu continuei ali.

hoje, guardado no silêncio
da minha tumba ancestral,
os escritos sobre minha passagem, mudaram.

E velhos brancos do velho continente,
vem tentar respirar a eternidade impossível
dos que nunca amaram como te amei.

O último homem a morrer de amor.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Hoje de manhã eu quis a morte.
Não essa morte rala
Feita de todo dia.

Mas uma que me pegasse assim
De peito aberto, gritando:
Vem, vem que eu agüento.

E eu não agüentasse.
E caísse com a cara no chão.

Hoje, mais cedo, eu quis a morte.

Nada mais dessa vida opaca,
Essa infelicidade fraca.
Vida que não dá nem desce.

Eu e essa maldita ressaca
Que não desaparece.
Que homens conhecem
a verdade do amor?
Os que sobrevivem a si mesmos,
Por serem mais fortes do que a dor.

Seus olhos, de tanto chorar,
adquirem um brilho sem par.
Ainda que confrontados
pela possibilidade
Da mulher não lhes amar,
Agarram-se ao profundo
Exercício de acreditar.

E lutam o bom combate ,
e nada lhes afasta.
Sabendo do que sentem,
o grande amor lhes basta.

Na verdade outra língua,
parecem compreender.
Deixando que essa certeza,
passe a lhes pertencer.

Estando em pleno dia,
aceitam anoitecer.
Se vem chegando a saudade,
e toma conta do seu ser.

A esta tropa aguerrida,
Dedico esta canção.
Aos homens de verdade,
Com amor no coração.

Que nunca lhes falte fé,
Nem forças para lutar.
Mesmo nos dias difíceis,
Saibam viver e amar.