CAMUFLAGEM
Hoje o preconceito veio bater na minha porta.
E eu achava que vinha de uniforme,
Fazendo carrancas e ameaças, aos gritos.
Ledo engano.
E me doeu bem mais,
Porque o preconceito veio
De camiseta e calça desbotada.
Vinha com uma fala doce.
Dizia coisas
Que me faziam lembrar um aliado compreensivo,
Disposto a ouvir e não julgar.
Disfarçado de companheiro,
Ele me deu a rasteira
Bem na hora do salto.
O preconceito veio camuflado
No meio de um grande amor.
E mais uma vez caí.
Mais uma vez me condoí de ser,
Eu também,
Humano como ele.
Hoje o preconceito bateu na minha porta
E eu o convidei
Pra entrar na minha casa.
Com um sorriso de velho amigo,
Ofereci um café, passado na hora.
Minhas armas depus
E com ele partilhei
Meus sonhos mais secretos e delirantes.
Ele então me abraçou e disse estar comigo,
Para os momentos de alegria e desespero.
Ai dos que, como eu,
Lutam por um outro mundo,
Tolerante e solidário.
Sim,
Andará comigo
Por muitos e muitos anos.
Agora que aprendi:
O preconceito mora dentro de mim.
Nilo Neto
Floripa, 8 de agosto de 2003
Nenhum comentário:
Postar um comentário