terça-feira, abril 06, 2004

CAMUFLAGEM


Hoje o preconceito veio bater na minha porta.
E eu achava que vinha de uniforme,
Fazendo carrancas e ameaças, aos gritos.

Ledo engano.

E me doeu bem mais,
Porque o preconceito veio
De camiseta e calça desbotada.

Vinha com uma fala doce.
Dizia coisas
Que me faziam lembrar um aliado compreensivo,
Disposto a ouvir e não julgar.

Disfarçado de companheiro,
Ele me deu a rasteira
Bem na hora do salto.

O preconceito veio camuflado
No meio de um grande amor.

E mais uma vez caí.
Mais uma vez me condoí de ser,
Eu também,
Humano como ele.

Hoje o preconceito bateu na minha porta
E eu o convidei
Pra entrar na minha casa.

Com um sorriso de velho amigo,
Ofereci um café, passado na hora.

Minhas armas depus
E com ele partilhei
Meus sonhos mais secretos e delirantes.

Ele então me abraçou e disse estar comigo,
Para os momentos de alegria e desespero.

Ai dos que, como eu,
Lutam por um outro mundo,
Tolerante e solidário.

Sim,
Andará comigo
Por muitos e muitos anos.

Agora que aprendi:
O preconceito mora dentro de mim.


Nilo Neto

Floripa, 8 de agosto de 2003

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