terça-feira, abril 06, 2004

Sem passado nem futuro, a vida aqui no fundo dessa caverna seria calma, não fossem estas sombras estranhas que se formam, em certos dias mais luminosos. Sombras com contornos móveis, idéias sem dono que se acumulam, lentas, no espaço novo das curiosidades.
Tudo seria realmente calmo até que o desejo de compreender, dar um sentido ao movimento das sombras faz com que eu queira saber o que há para fora da caverna. Se eu soubesse o quanto há de inevitável e irreversível nisso tudo...
Agora estou sonhando com o silêncio da caverna. E há a saudade dos dias sem as sombras, quando só respirar era o suficiente. A felicidade antes da consciência da felicidade, hoje impossível.


Nilo Neto

São José,16/9/01

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