quinta-feira, outubro 08, 2009

Sabe,

tinha um sinal secreto,

Que a gente havia combinado

Pra fazer quando alguma coisa

Desse errado e

A dor tivesse afogado o prazer.

E o ar tivesse todo ido embora,

As lágrimas secado,

O poço tivesse ficado vazio,

A vida restado abandonada,

Vazia de sentido.

Muitas esquinas, meu amor.

Mas o que há de possível na existência de deus

Está em eu poder te dizer com os olhos e as mãos abertas

Mais uma vez

SEJA BEM VINDA.

quinta-feira, agosto 20, 2009

tua parte fêmea é tão profunda que me dá uma falta de ar
a menina vê, a velha em ti rodopiando o velho vestido de renda
elas dançam pulando sobre pedras imaginárias

pedras de todas as idades e uma que tem luz própria
a pedra do gesto perfeito é âmbar

acho que ficaria te ouvindo falar uma vida
ou duas
sobre o que me vês em mim
esse é o prazer maior que a poesia poderia me dar, no final ser enfim o muso delicado de alguém
as patas da aranha rondando o pescoço branco

falas assim e as imagens me fazem girar os ombros
quase solto os pássaros

essa nossa conversa tinha que ser transformada em pão, café e leite.
solta os pássaros um pouco pra eu ver
mas devagar que eu ando fugindo da realidade

foge comigo...

by amanda e nilo

domingo, julho 26, 2009

domingão do faustão
reminiscências
que haverão

beira mar,
mãos nos cabelos negros.
entreguei tudo
nessa oferenda de paz
e saudade

meu amor passou
e minha janela
ainda estava fechada.

aonde haverá pousado?
com quem terá sorrido?

enquanto eu
estava encarcerado
nesse mesmo
velho quarto encardido.

volta logo meu amor
me acorda com teu cantar
espalha nuvens
pela minha cama

deixa tudo
ser
sem
ter
porque.

segunda-feira, julho 06, 2009

a vida não é feita de fatos,
amores não são feitos de contratos,
os bichos não dependem só dos matos,
concretos também vivem de abstratos.

não me fale de realidade paralela,
tudo isso não passa de balela,
na verdade, a verdade já morreu,
está vivo quem não sobreviveu.

terça-feira, junho 30, 2009

Acredito em todos como acredito em mim
Como doem minhas mãos
do peso da doçura que venho carregando
As queimo com cigarro
pra passar o tempo
pra passar doendo
passar o inverno
pra passar invento
passar do convento e do repúdio
ultimo refúgio
em meus dedos ateus
são meus?
meus agora
sem fé

por amanda e nilo

sexta-feira, junho 26, 2009

te amo sempre igual

e diferente

sou só um tropeço

na pedra do caminho

mesmo sozinho, sonho

com tuas mãos

nos meus cabelos

ou no que restou desse

sonho de cabeleira

ou nesse sonho de amor

tão distante

e tão comigo

amor de pássaro,

amor de amigo

amém

quarta-feira, junho 03, 2009

O sol amarelo
pinta as casas do morro
com a cor da saudade.

Pobre azul, verde vulgar,
vermelho esquecido.
Tudo caminha
na triste vaidade
do fim do dia.

E eu, pobre poeta
dos olhos embevecidos,
deixo a folia das cores
atravessar minha rotina,

carregando as retinas
pra terras distantes,
aonde mora o meu amor.

domingo, maio 31, 2009

só faltava mesmo estar nos meus braços,
ouvindo a chuva abraçadinhos
comendo quitutes exóticos
e fazendo amor devagarinho

brigadeiro com aveia e noz moscada

miando com os gatos de rua
selvageria abrandada
doçura das cavernas
duas almas sem dor
simplesmente enroscadas.

quarta-feira, maio 27, 2009

olá, bom dia,

salve o mesmo simples contato,
feito a qualquer tempo,
sem qualquer motivo,
pleno da saliva dos nossos sonhos

olá, bom dia
que teus passos tenhas sido suaves nessa noite,
caminhos cheios de sombras pra descansar
e tuas mãos tenham sido aquecidas pela idéia das minhas.

olá, bom dia
se hoje não acordei ao teu lado
e quando isso for um costume,
querida, esteja sempre certa,
é contigo o meu sorriso mais constante
ao observar surpreso,

que uma vida passada ao teu lado,
foi rápida como um instante e
eterna como um primeiro beijo roubado.

domingo, maio 24, 2009

vadiando a vida na ferida aberta
que não cessa de jorrar
vida amarga, doce, salgada
vida viva pra variar

assim ela pula pra dentro de mim
e eu fico enlouquecido a olhar
querendo que ela viesse num vôo
na minha casa velha pousar

mas nada disso importa agora
se eu gosto ou não de voar
porque tudo nessa vida tem um preço
e esse eu não posso pagar.

domingo, maio 17, 2009

bebo e cigala
me acalmam a alma

transita ainda
por baixo da cinta
acodes e acolhes
meus pés peregrinos

por onde for
por onde foi o meu amor?

sábado, abril 25, 2009

penugem de pavão

certa seta nulo alvo
falo em beta, monte calvo
suposta dose de loucura que nos dá o charme?

a professora está vestida em riste
nada clown, flor de triste
lágrima ótima da cabeceira azul
chove chama contida no sul

e no mais a tua lenta composição de lâminas

condicionará mais um escandaloso final
para o desejo intenso de outro sinal
disperso entre folhas na pátina.

segunda-feira, abril 06, 2009

vem dançar na tempestade comigo?

eu tenho a chave do teu sorriso
escondida no bolso
da minha calça preferida
mas não sei bem aonde ela está

nossa história é feita desses vôos impossíveis
e tu sabes disso
e sempre me tivesses sem me ter
e eu filmei a minha mão no teu cabelo

cada segredo teu
que eu carrego sem saber
bruxa maldita

te amo mais que a vida

agora some, como tá no teu script
eterno retorno
então me explica porque eu sou tão teu
me explica o que eu faço
com tudo isso aqui represado

eu não quero solução
troco tudo por um segundo de plenitude
gosto desse teu jeito não possível

mas eu preciso ver além dos muros desses dias
eu to vestido de profeta hoje
eu tenho esse brilho, e não durmo com esse barulho
eu bebo e não mato a sede
hoje tu vais dançar com o zaratrusta
eu já não espero nada
mas eu tava preso na tua asa

me dá outro selo
um selo amarelo

hélio passa em sua carruagem dourada
todo dia
pela tua vida
atravessando o céu
você pega o trem azul, o sol na cabeça
o sol pega o trem azul, você na cabeça

tás derramando, eu sinto
tás cheia de graça
finalmente

que bom
ave maria
eu te engravidei de uma idéia
era isso que eu queria hoje

segunda-feira, março 16, 2009

nos piores dias
eu deixava a porta aberta.

hoje que a minha cara voltou a sentir o vento
tudo está diferente,
mas ela não aparece do mesmo jeito.

serei o mais leal amigo do verão?
ou mantenho meus pés sobre os tapetes velhos?

a descarga voltou a fluir.
os versos não estão mais boiando lá.

oba oba oba

segunda-feira, março 09, 2009

Só quando fosse possível derramar esse pote cheio

Esse que carrega as águas que vem da chuva

De tantos anos no alpendre da casa

Já se vê a marca na madeira seca.

Estará sempre lá


E quebrado o costume de tantas gerações

Eu poderia te pedir sinceramente

Pra nunca mais te ver porque vou cansado


De sofrer longe e perto dos teus braços

Do teu olhar complacente e agora sabemos

Sinceramente preguiçoso.

Tudo poderia recomeçar,

Mas ainda assim seríamos os mesmos.

Portanto partir com algum senso de beleza

E a posse de alguma dignidade sã

Que nossa loucura anda cansada dos nossos pés


Bom acordar longe dessa tua cama

Coberta de panos coloridos,

Que eu nunca vi, mas já sonhei tantas milhares de vezes.


Só pode ser a tua, compreendes, teu olhar...


Não esconde mais nada


Nilo Neto