sexta-feira, agosto 12, 2005

Eu não gosto de tribo.
Eu não sou da sua clã.
Se você fosse o rei do rock,
eu não seria seu fã.

Você precisa de público
e eu sempre fui privado
de qualquer possibilidade,
de andar ao seu lado.

Sai pra lá ego murcho,
eu não quero pressão.
Ando desconfiado,
que a morte anda ao meu lado,
com um sorrisinho disfarçado,
esperando o momento adequado,
pra me dizer não.
Eu e minha concha,
estamos de mudança
Eu e minha janela,
perdemos a esperança.

Queremos silêncio.
Queremos o mar.
Queremos um jeito novo de amar.
Sementeira

Se há mentira,
sê minha, tira,
de vez, de mim,
tudo o que me faz capim,
não fruta ou flor.

Tudo o que não,
todo o desamor
desse meu coração.

Se contudo,
eu me iludo,
faz-me tudo,
mas não deixa nascer,
senão depois,
morrerá inútil,
aquela semente fútil,
filha da vaidade,
prima da infelicidade,
mãe que só faz sofrer.

terça-feira, agosto 02, 2005




a minha cabeça tem dado novos contornos à saudade.
agora dei pra te encontrar em pessoas na rua.
mesma altura, cabelos negros, jeito de caminhar.
sobressalto do coração, sorriso nervoso e a decepção.
não, não eras tu,
mas o meu desejo de te saber por aqui.

terça-feira, julho 19, 2005


Alguns deles me dizem que vai passar.

Outros me garantiram que vou levar tudo isso vida afora, mas que com o tempo acostuma.

Eu sei cada vez mais, que ela sempre foi o meu melhor público.

A risada e o choro me empurravam além, um pouco mais criativo, um minuto mais de experiência.

Mas ela se foi e agora carrega o filho dele.

E a vida ficou insuportável a maior parte do tempo.

Nas noites frias do inverno aqui no sul, então, uh lalá.

Pra não viver o tempo todo chorando e me lamentando,

Pra não ser ainda mais chato do que costumo ser,

Invento maneiras de fingir que vale a pena continuar vivo.

Chamo isso de auto-ilusão.

A que mais me acalenta na hora do desespero, amada,

É sonhar que um dia a gente ainda vai ficar junto.

Que a tua escolha em ficar com ele, não foi bem uma escolha,

Mas uma espécie de pressão que o mundo fez.

E naquele momento te pareceu a que menos te faria sentir dor.

Mas lentamente teu olhos se abrirão (esse é a minha auto-ilusão preferida)

E tu descobrirás que ficar ao meu lado é a única forma de felicidade autêntica,

Nesse planetinha azul, nem que seja quando tu estiveres velhinha,

Com teus cabelos brancos e cercada dos netos que tu tanto sonhas.

De mãos dadas comigo, olhando o dia terminar, chorando de felicidade, em silêncio,

Achando que viver valeu a pena.

Nilo Neto

Floripa, 19 de julho de 2005

sexta-feira, julho 08, 2005

(do orkut)

gracinhas do macaco louco

mensagem:

Umpoemicofeitonahora pensandonasenhora

eia

saboreia
incendeia
tá na veia?

Agora a teia.

sexta-feira, abril 15, 2005

Desarmada a calma,
que conforta a alma,
sobramos nós.

Eu e eu,
mergulhados no infinito.
Sombra do conflito.
Vórtice do engano.

Verso sem plano.
Outra indignação.
Afogado coração,
eu te reflito.

Mas não te contenho.

segunda-feira, abril 11, 2005

realmente o que revela,
a verdade do olho, é a ramela,
o deseja da morte, é a sequela,
a força do vento no mar, é a vela,
o sonho interrompido, é a cela.

terça-feira, março 29, 2005

outro mesmo amor

Nilo Neto
Naquela noite,
a gente pulou,
dançou,
sorriu,
fez da vida
um filme.

E do meio do nada,
ela me perguntou:

- Qual seu último pedido
antes da morte?

E eu disse:

- Um certo sorriso...

E choramos abraçados.

E o dia chegou
sem mentiras.

terça-feira, março 01, 2005

Cartas ao teu vulto

Meu amor, silenciosamente enlutado.

Meu coração tem usado chapéu e sobretudo,
nesse eterno dia chuvoso e frio,
que sucedeu tua partida e está se repetindo,
num moto-perpétuo de: dor, solidão , abandono e desesperança.

Mas o que eu tento te dizer,
já nã faz sentido nenhum.
Estou preso numa bolha congelada de espaço-tempo,
quando estávamos juntos e felizes.
Hoje resta este imenso derramar de mensagens
que não obterão resposta.
É como escrever a uma pessoa que já não está viva.
Mas numa psicografia às avessas,
não encontra um médium no lado de lá.

Gritos no vácuo.
Auschwitz e Chernobyl.
Terra do Fogo, o lado escuro da lua e
certas noites nas ruas do Desterro,
vento sul e medo das bruxas.

O inferno de todo dia está ficando intolerável.
E agora eu sei que estou chorando
porque tenho que matar alguma parte do meu sentir,
do meu coração, para poder sobreviver.
Esse tipo de sentimento não é charmoso nem poético.
É pura pedreira.

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Deus me livre
de ter compostura,
de ser de família
e de errar na mistura.

Livrai-me, Senhor,
de ser solícito e polido,
de ser intolerante
e de viver enrustido.

Valha-me Nossa Senhora,
não quero uma vida regrada,
pagar imposto, ser decente,
ter sogra e empregada.

Pai, afasta de mim,
a fidelidade partidária,
o dízimo, o terço e o pecado,
ser uma pessoa gregária.

Cordeiro de Deus,
não sou mais criança.
Tirai-me do lugar de juiz,
deixa eu viver de esperança.

Se tudo na vida tem preço,
eu nasci sem trocado.
Ou acerto logo no milhar,
ou deixo o bicho de lado.

sábado, fevereiro 19, 2005

a poesia que me interessa,
não tem pressa
de se fundir no meu eu.
não se perdeu numa esquina,
por qualquer menina.
não está pra qualquer um
no bafo de um bebum.
vive quieta e aguarda o momento.
de virar acontecimento.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

o som de dezenas de sapos na barra da lagoa da minha infância.
o cheiro do café passado, avisando que o dia virou noite,
o gosto da tua língua lambendo minha boca, meus dentes e segredos.
Eu beijei,
lambi,
cheirei,
mordi,
chupei,
desejei
e amei

cada pedacinho
desse teu corpo.

Isso me faz
ter orgulho
e felicidade,
de ser quem
eu sou.

E faz
meu despertar
mais doce
cada manhã.

Porque haveria
de ser
de outra
maneira?

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Deixa eu ficar triste.
É carnaval, eu sei.
Mas é que ela foi embora.

Eu saí no bloco da saudade.
Eu sou do bloco do eu sozinho,
Na avenida.

Deixa eu chorar um pouco mais.
É que eu sinto falta das mãos dela.
Do jeito que ela dizia meu nome,
Na hora de desligar o telefone.

Nós dois somos de mundos
Tão diferentes.
Mas o amor, esse inclemente,
Deixou a ilusão da felicidade,
Jogar sua rede em mim.

Quando o telefone toca,
Ainda acho que é ela.
Não há mensagens novas.
Nem no celular,nem na Internet.

Ela me faz uma falta dos diabos.
E eu não aprendi a esquecer.
Estou preso pra sempre.

segunda-feira, janeiro 24, 2005

musa confusa

Nilo Neto
na mata virgem dos teus olhos,
meu caminhar urbano foi motivo de riso,
de 7.534 espécies de insetos,
sem contar os peludos e os voadores.

mesmo que eu quisessse
te dizer qualquer coisa,
fingir que te perdoava ou esquecia,
tudo estava definitivamente
fora de foco.

mas eu continuei ali.

hoje, guardado no silêncio
da minha tumba ancestral,
os escritos sobre minha passagem, mudaram.

E velhos brancos do velho continente,
vem tentar respirar a eternidade impossível
dos que nunca amaram como te amei.

O último homem a morrer de amor.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Hoje de manhã eu quis a morte.
Não essa morte rala
Feita de todo dia.

Mas uma que me pegasse assim
De peito aberto, gritando:
Vem, vem que eu agüento.

E eu não agüentasse.
E caísse com a cara no chão.

Hoje, mais cedo, eu quis a morte.

Nada mais dessa vida opaca,
Essa infelicidade fraca.
Vida que não dá nem desce.

Eu e essa maldita ressaca
Que não desaparece.
Que homens conhecem
a verdade do amor?
Os que sobrevivem a si mesmos,
Por serem mais fortes do que a dor.

Seus olhos, de tanto chorar,
adquirem um brilho sem par.
Ainda que confrontados
pela possibilidade
Da mulher não lhes amar,
Agarram-se ao profundo
Exercício de acreditar.

E lutam o bom combate ,
e nada lhes afasta.
Sabendo do que sentem,
o grande amor lhes basta.

Na verdade outra língua,
parecem compreender.
Deixando que essa certeza,
passe a lhes pertencer.

Estando em pleno dia,
aceitam anoitecer.
Se vem chegando a saudade,
e toma conta do seu ser.

A esta tropa aguerrida,
Dedico esta canção.
Aos homens de verdade,
Com amor no coração.

Que nunca lhes falte fé,
Nem forças para lutar.
Mesmo nos dias difíceis,
Saibam viver e amar.