terça-feira, abril 06, 2004

Antes embebido no odor inebriante desta carne doce. E te peço que me leves desta lama, lodo, vida suja em que me mantenho. Este vício destrutivo de querer teu corpo. Ser sensual num tempo em que a sensualidade é crime. Um amante desesperado. Um pobre e rebelde coração, escravo sexual dos teus desejos mais sórdidos. Tem piedade de mim, mulher, e joga minha carne aos lobos, mas não me deixa aqui nesta mesa bebendo sozinho, fumando o último cigarro, entre o desespero e a suprema alegria de te possuir. Até derradeira gota de sangue, até o suspiro final.

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Tem certas coisas que eu preciso dizer, mas não sei como. Tem certos sentimentos que me vêm sei lá de onde, um vento sem janela aberta, um brilho de relance no canto dos olhos e eu fico assim, meio alegre, meio assustado. Aí suspiro. Profundamente. Querendo todo o oxigênio do mundo. E o meu olhar se perde num infinito do branco da parede. Eu me perco de mim.
Tem amores secretos que a gente lembra em certas noites estreladas. Que a gente queria ouvir grilos e sapos no meio da cidade. E caminha de mãos nos bolsos olhando para dentro das casas, esperando um sinal, um olhar revelador. Então a gente volta pra casa decepcionado e fecha a porta querendo fechar o coração.
Tem coisas sem nome esperando tradução.

S. L. 7/4/94

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Prestenção mulher

As loucuras que assim parecem, devem ser por nós vividas apenas como um contingência da beleza e do prazer, que a vida oportuniza ou proporciona, dependendo do que dela fazemos.
Peço-te que permitas.
Se houverem dores, que elas sejam mínimas, diante dos deslumbrantes momentos de entrega, delírio e caminhos ainda não trilhados, mas certamente descobertos com a delícia de um mundo novo.
Eu não serei o teu perfeito querer, mas que importa? Somos o que somos e sorrimos para o sol.

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