terça-feira, abril 06, 2004

Eu preciso aprender logo
A soltar esses grampos que me prendem
Os cabelos
Ao passado,
Aos gostos do passado,
Aos sorrisos do passado.
A esse outro eu tão incrivelmente,
Invencivelmente
Medroso.

Caverna, útero, canto escuro.
Calor, proteção,
Tudo o que agora me falta.

Agarrado que nem chiclete quente do asfalto,
Na sola do tênis preferido.
Para sempre.

Essa é a visão do inferno do passado.
Onde o velho chifrudo irresponsável,
O canhoto, o tranca-rua e o sete-encruzilhadas,
Riem às gargalhadas,

Desse teu escravo!
Que grita pela milionésima vez:

Meu único e verdadeiro amor,
Irremediavelmente engolido,
Pelos segundos infindáveis
Em que não estamos juntos,
Ou seja, minha vida nesses últimos anos,

Anda logo vem de volta pra minha vida e
Varre com a tua alegria cheia de olhares doces,
Esse outro passado que nem me abandona,
Nem me deixa morrer em paz.

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