segunda-feira, dezembro 24, 2007

Como não te amar

Se tu alias
em perfeita sincronia,
palavras e gestos,
No momento mais crítico
da contradança da desilusão.

Causando uma revoada
de serafins no meu peito.

Calculando,
como numa ponte,
os nós que ainda sustentam
meu frágil não ser.

Debochando da minha clausura
e de todos os outros votos tristes,
para no fim receber
minha fantasia delirante,

Com o aplauso imenso,
das duas mãos,
que quero no ato final
entre as minhas.

Será o dia da perfeição sem nome do caminho.

O filme pornô bizarro,
estrelado e dirigido
por loucos.
Sucesso mundial
De crítica e público.

Sexo bissexto,
saturado de solidão,
gritando por um mundo
sem barras de ferro
ou palavras que roubem
a já raquítica esperança.

Rasgo do novo possível,
no céu sem nuvens
da razão amarga,
que não consegue ver além
das leis que ela mesma cria.

Assim somos,
Amiga alada,
E a semente que carregamos
com tanta dor e prazer,

Será a vida
Em luminosa renovação,
Nos jardins da compreensão
Dos filhos que nunca teremos.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Cultura moribunda


no silêncio da morte
dos meus antepassados

engolidos pelo vento podre
do abandono dos sonhos

eu segurei a bandeira negra do fim
e não senti,
quando minhas faces se molharam

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Flertando com o tridente



Difusa filha de netuno,

estando a teus pés, puno

e vejo-te desaparecer.

Nesse teu mar imenso,

coca-cola com incenso,

vida viva, no cacto, beber.

sábado, dezembro 15, 2007

Ao meu novo amigo Banenos


gato vadio com cheiro de terra
bom cabrito que berra
preto como o futuro do mundo
olhar doce de vagabundo

segunda-feira, dezembro 10, 2007

nem sei o que queres,
estou em todos os lugares.

óbviamente sedutor,
mas sem falar de amor.

se te cansa minha cara tristonha,
sou um outro que sonha,
nega, cospe e engole.

Um dia a cada gole.

quarta-feira, novembro 28, 2007

terça-feira, novembro 27, 2007

entre aquelas nove
pétalas de margarida
que eu arranquei
pela primeira vez
na minha vida
na escada que dá pro jardim
aqui de casa
eu nunca poderia imaginar
que o último bem-me-quer
que eu arrancava
era tua suave presença,
teu amor luminoso,
teu gozo tão próximo.
e olha eu tinha nove anos!
bem- vinda, completa,
compreensão do meu fado.
meus olhos arregalados
permanecem no milagre inesesperado
daqueles dias sem dor.

domingo, novembro 25, 2007

desterrados de novo



pululam

palavras

na mente fogo

a teia



só não há rima

e nem solução



guerra não declarada

frio e fome

de sermos ouvidos



estrangeiros

em nossa própria

terra



pasárgada era

a gente não sabia

ou fingia não saber

pra não voar daqui



diz traídos

venceríamos

agora

a nostalgia precoce



e as dores do parto

mas para onde?

quarta-feira, novembro 21, 2007

Minha alma na janela.

Farol dos meus erros,
a poesia permanece,
os amores passam.

Toda a construção
resultará inútil.
Resistir ao desejo inerente de construir,
também.

Então abre tuas de asas de cera,
ruma ao sol e
observa teu destino se cumprir,
até a queda.

Não deixa tua passagem
ser em vão, entretanto.
Cria, comove, registra e acredita:
a arte carrega o pouco de sublime
que resta aos humanos.

sábado, novembro 17, 2007

Minha fantasia de louco,
tem papoulas de vidro,
costuradas no pano
dourado.


Ela sabe
o nome dos peixes
desse aquário.


Nomes estranhíssimos.


Eu acho que ela inventa,
enquanto passa manteiga no pão,
distraída, nas tardes calmas
das campinas.


Esse se chama barbelinho,
aquele azul, lamba limba.


Depois me diz,
sem introdução,
que eu sou
o primeiro amor dela.


A luz do sol reflete minha roupa,
enquanto eu danço no espaço.


Tudo o que não for riso,
está definitivamente
guardado no sótão.
É anjo inútil,
de um amor torto.

Há um excesso
continuadamente nu,
no silêncio do vão,
entre as suas asas
empoeiradas.

Anjo desistido,
mergulhado
no silêncio de si.

Interno.
Eterno.
Cru.

O sol caminha lento pela calçada.

Ele não vê.

Nem eu.

terça-feira, novembro 13, 2007

fome dos olhos da mulher amada.
De uma vida menos ordinária.
fome de rir sem motivo.
e de aceitar a morte com seus espinhos.

fome de tudo que não fazia sentido,
e hoje é celebrado em silêncio.
do gosto do gozo há muito esperado.
da tua mão em meus segredos.

fome que há de ser sempre fome.
que não pretende ser luz na escuridão.
fome que empacota meus vazios
e deixa a lembrança de outra canção.

fome de acreditar que combinar cores impossíveis,
pode ser melhor que qualquer poesia.
fome da cama vazia, depois do amor
e de tudo o que não entendi naquele dia.

fome de estar em você,
cozinhar pra você,
dormir com você.
fome de te esquecer.

terça-feira, novembro 06, 2007

Eu me enfronho
Nestas nuvens de saberes
E pouquíssima esperança.

Sou o imitador maior
De desconhecidas fórmulas
Sem uso.

Quando digo que te amo
Estou querendo dizer
Que me oprime
Cada minuto longe
De acordar contigo
E tomar um café da manhã
Em silêncio.

Aonde estaria esse deus,
Que nos faz de mãos estendidas,
Sem poder nunca nos tocar.
Somente: palavras, imagens, sons...

O auge da poesia,
Será esse instante
Antes do raio rasgar o céu?

domingo, novembro 04, 2007

carta ao meu filho não nascido

não pude te dar um mundo,
que não me quis, não me viu.
fui amargo, egoísta, sensível demais.

sinto falta do teu sorriso,
que nunca ouvirei.
esse vazio que ninguém preenche,
vou saturando com as lágrimas
que não choro mais.

querido filho.

te deixo um punhado de palavras.
testemunhas de um caminho seco.
sem sucesso, sem felicidade, sem paz.

apenas a boquiaberta perplexidade
dos loucos solitários,
desistidos, suicidados.

mas não peço teu perdão,
só o silêncio cheio de ecos,
das muitas gerações que não virão.

sexta-feira, outubro 26, 2007

Os melhores poemas
foram os que perdi,
Nos cafundós da memória.

Distraído,
atravessando a rua.

Ou entre um gole
e a demoradíssima
caneta do garçom.

Não me abandona, logo agora,
Que descobriste o homem,
Escondido atrás do poeta.

Nem tudo é solicitude e riso.
Profundidade e siso.

Há sempre
uma nova vasilha
pra encher,

Com os pingos da chuva que,
goteira,
Não caberiam em outro lugar.

Ama-me ou escassa-me.
Seria esquece-me?

quinta-feira, outubro 25, 2007

Avança a vítima no tranco.
Procura seu reflexo no barranco.
De repente, ouve-se o estampido.
E mais nenhum outro ruído.

Nada mais se interpõe à vedade.
Nem governo, nem a caridade.
Só a crueza da falta de escolha.
Nem raiz, nem galhos, só folha.

E tudo isso já está escrito.
E fica o dito, pelo não dito.
Finda a alma e o corpo, no morro.
Jamais houve qualquer tipo de socorro.

Eu, poeta do céu azul,
Falo pelas almas no vento sul.
Agora calo, sem solução,
respondo pelo fim dessa canção.

E ponto final.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Não preciso de perdão.
Não preciso de resistência.

Um milhão de palavras mortas,
giram ao meu redor a cada segundo.

Nada são,
diante da lógica,
da dialética,
de um pensamento taoísta perfeito.

Então, só quando cessam as palavras;
Na exaustão dos corpos respirando livres,
É que a minha não-resposta pode acontecer.

É quando eu morro,
sonhando em acordar no teus braços.
Para uma certa burguesa filha da puta:

As doces lembranças das manhãs no lago

Um dia, um imbecilzinho de merda,
Do alto de seu castelo de sombras,
Desejando poder e dinheiro,
Inventou a normalidade.

E sentia prazer e satisfação
Em explorar as estranhezas legítimas
das outras pessoas.

Assim foi também que outros imbecis do mesmo quilate,
Inventaram: a beleza, a verdade, a justiça e deus.
Como se isso pudesse existir além da subjetividade,
Da experiência única e intransferível, de cada um.

E se intitularam porta vozes dessas idéias.
Sempre desejando o mesmo prazer egoísta.

Assim destruíram o planeta.
E foderam com a paciência de muitos.
Palmas para eles, que eles merecem.

sábado, outubro 13, 2007

A pequena arte de complicar as coisas

As partes negras da tua alma,
Gritam,
Que o amor é um poço seco.

O teu medo da solidão
Tentou me engolir.

Mas o vento da noite
Me trouxe de volta
Pra minha.

Agora vou boiar
Na minha rotina.

Até que a ilusão,
Me faça jogar a linha.

Ou finalmente eu morra,
Vítima de egoísmo crônico.

domingo, outubro 07, 2007

Não é verde,
o meu acordo é feito de tons irreais.
O desejo tem luz e sombra.
Viver é apostar no cavalo errado.
Um punhado de frases desconexas.
Um milhão de beijos
não curam um corte no coração.
E por favor, desiste da idéia de família.
Foi o que te arrebentou.
Não queira arrebentar mais ninguém.
Loucos sinceros não reproduzem
padrões de tristeza.
São humanas as respostas.
Imperfeitas.
Adoro teu sorriso.
Tua luz me faz possível.
Eu vibro com teu calor.

terça-feira, outubro 02, 2007

Eu queria que o amor fosse
uma tempestade de absurdos doces.
Mas é uma faca apontada para o sim.
Ele é o desencontro das mães solitárias,
saudosas do choro de seus bebês,
enquanto a chaleira ferve, de tarde,
nas casas vazias, ensolaradas, nos subúrbios
de uma cidade qualquer da Guatemala.

Ele é o segredo escondido
nas informações incompreensíveis,
das embalagens de cereais matinais.
Ele é o gemido discreto,
no sentar e levantar,
dos bancos de praças,
dos velhos e suas cabeças brancas.

O amor são os aparelhos de ar condicionado,
nas repartições públicas,
onde decisões que afetam a vida de tantos,
que não são ouvidos,
explodem todos os dias.
É o dedo no gatilho dos meninos traficantes,
que não dispara e somente hoje,
é substituído pela linha das pipas,
no céu azul, dessa ilha cheia de vento.

O amor é tua boca aberta,
quase riso, quando gozas.
É a revoada de pássaros no horizonte,
42 segundos antes do sol nascer.
É o suicídio que não deu certo,
no meu amigo que matou o pai e a mãe.

O amor é o filho que não tive contigo,
amor da vida inteira.

domingo, setembro 30, 2007

Se for morrer, me avisa.
Assim arrumo a maior briga
de todos os tempos.

Senão, esfrega esse corpo
redondo, macio e cheiroso no meu.
Que temos 4.327 maneiras de encaixar.

Como aquele jogo antigo,
de blocos de madeira,
imitando paredes de tijolo,
casas e torres.

Nós nos construimos,
com abraços e beijos.
Enquanto o relógio para de vez.
sem amarelo

é quando mais a gente tem certeza
que a seca nunca vai acabar.
e caem as primeiras gotas.
antes de vir o cheiro de terra molhada.
bem ali, na presença do milagre.

se, e quando, tu pensas em mim.
isso tudo pinta um quadro vivo

quinta-feira, setembro 27, 2007

Dor e Poesia

Porque tu sabes apertar os meus botões
E botar no sol minhas feridas,
Porque tu és o sereno que molha meu jardim com flor,
Vida, sempre tão suave e exata.

Porque eu faço questão de tentar esquecer
que alguém possua as chaves da minha solidão,

Tão perdido fico na tua presença,
Que só consigo pensar em deus.
( e ele devia estar morto há muito tempo);

Soberana absoluta do meu silêncio.
Do fio condutor do meu desejo.
Eis-me aqui, mais uma vez.

Os braços abertos como o outro.

Feliz por te saber parte desse sonho.

quarta-feira, setembro 12, 2007

Nossas conversas
parecem hai-kais.
Diria minimalistas.
Pra fugir da dor.

Um olá como vai,
carrega mil sentidos.
Fora os omitidos,
pelas famosas entrelinhas.

E já estou sendo prolixo.

segunda-feira, setembro 10, 2007

todo fim de tarde
milhões de bebuns se dirigem aos butecos
em busca da risada perfeita.
não encontram.
ninguém jamais encontra.
Mas eles voltam todo dia.
Até que o fim se mostre.
E se mostra para muitos.
Antes de qualquer poesia.

O poeta louco vira pop star.
E aparece na propaganda
de detergente ou pasta de dente.
E você sentado em sua poltrona,
Entre um sorriso e um produto, pensa
Esse mundo está mesmo perdido,
O capitalismo selvagem delirante,
tem lugar pra todo mundo.
Um brinde ao sonho e a tudo
que não pode ser classificado,
embalado e pesado.

ainda...
Eu não sei de nada.
Não entendo.
Existe uma delicadeza na escolha das palavras que se assemelha a um carinho.
Um lento carinho nos cabelos.
Dedos abertos enquanto os negros cabelos deslizam suavemente.
Isso é um jeito de driblar a morte.
Pode se chamar poesia.

sexta-feira, agosto 17, 2007

No jogo da conversa
Somos dois,
Um chat sem fim.

nesse nosso xadrez de palavras
vão-se os véus
ficam os dedos cruzados

todos os movimentos
são cronometrados
pelas batidas do coração

existe sempre
a possibilidade
da frase perfeita.

Mas enquanto
ela não ocorre,
cada letra

é uma encruzilhada,
que abre mil
novas possibilidades

Eu intuo a tua jogada.
Antecipo meu desejo
E nego tudo no final.

Tu te mostras incansável,
Mostrando e escondendo,
Confundindo meu pensamento.

Até que num xeque-mate
Inesperado, eu derrubo meu rei
E perco o jogo feliz.

E lá se vai
Mais um dia
Longe dos teus braços.

Perto do coração?

quinta-feira, agosto 16, 2007

Eu queria ter a mão certa pra traçar no horizonte essa felicidade.
E finalmente ver com os olhos do coração tudo o que faz parte do meu caminho.
Mas mesmo na condição de falível humano modesto e nu.
Todas essas energias que atravessam meu coração,
Quando eu fico em contato com a tua,
Me fazem agarrar a mão da paz e me levantar daqui
E te dizer obrigado por tu seres tão linda
E mesmo não compreendendo a força disso tudo,
Ainda ter a serenidade pra te amar e te dizer.

domingo, agosto 05, 2007

nada te atinge, mulher
pico da neblina

solta essa fera
solta esse grito
que vem das entranhas

te amo, meu homem
meu macho de mil cabeças
vem me rasgar

vem que eu te dou outra vez
o meu brilho de árvore seca
meu gosto de romã triste
minha lágrima engolida em seco

aceita a minha faca nesse coração duro
meu perdão de menina que perdeu o pai
meu lampião quebrado

amém

quarta-feira, agosto 01, 2007

eu mexo nos lugares certos
é isso que te enlouquece

eu esquento, esfrio, falo sério, brinco,
te trato como uma putinha, uma santa

digo que te amo, te odeio,
tenho ciúme, exijo liberdade

sou um velho, uma criança,
quero teu corpo, tua alma,
depois fico distante

vejo filme, te chupo,
conto um segredo, te acalmo

digo que te aceito, digo que és impossível,
que eu queria um filho teu,
depois agradeço por morares longe

eu falei de mim
mas parecia um poema.

sexta-feira, julho 27, 2007

Introdução

eu fico te achando nos lugares, nos poemas, nos olhares.
eu te acho sempre nos bares, nas mentiras, nos ônibus escolares.
e se eu te perco, algum dia, sem querer,
sou eu mesmo que esqueço dos milagres.

Desenvolvimento

Gregory Corso

É melhor homem soltar longas palavras
E engolir as que um outro fala
Pois não é digno homem de palavra
Quem ainda por cima reclama
Que aquelas que comeu não tinham sal

É melhor homem deixar a fala
E não ter boca
É melhor que alguém, eu mesmo,
Repare em sua falta

Não é meu vocábulo
E já estou cheio dos seus
É melhor costurar-lhe os lábios
Cortar as suas orelhas sem ouvidos
Queimar o seu dicionário

É melhor
Que os seus olhos ouçam e falem além disso

(Sem Essa Palavra)

Conclusão

Espero que permaneça inconcluso por muito tempo.

quarta-feira, junho 20, 2007

no calor do meu degredo,
quero mergulhar no teu sagrado.
juntar cacos, refazer-me,
refazenda.
esteja atenta
ao movimento circular
das luzes da quermesse.
qualquer coisa que se tece,
na capilaridade do caminho.
vou deixando passos,
pinturas, segredos.
Descobre-me e devoro-te.

sexta-feira, junho 01, 2007

cadê tu, minha ilusão premiada?
cadê tua sombra na minha caminhada?
cadê o sorriso de canto de boca?
cadê essa tristeza rouca?

esperar tua chegada tem sido minha sina.
dia de chuva, frio, parado na esquina.

domingo, maio 27, 2007

Me tens sob teu jugo, és a rainha das minhas palavras vãs,
Sob teu olhar atento, divago, pássaro que voa nas manhãs
O que haveríamos de desejar, nesses dias repletos de esperança,
Mas sem a concretude dos sonhos realizados,
No parque, sozinha, brinca a criança.

Sabedoria de velhos amantes,
amigos que sabem ouvir e calar,
Tu me entregas o que tens de melhor,
castelo no lago amar.

Eu finjo que esqueço teus pequenos defeitos.
Eu fico pensando do que o amor é feito.
Eu te carrego comigo pelos bares da cidade.
Eu espero que compreendas essa imensa saudade.

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Meu amor, eu te procuro nesse mar de palavras e significados.
Tentando te fazer real,
nessa imensidão de informações que deixamos pelo caminho.
E de tantos desencontros permanece uma luz muito própria,
teu significado, tua entrega.

Não sabes como é viver sob a égide de não ter meios claros,
pra te trazer ao meu lado.
Não que eu ache tudo perfeito e acabado.
Conviver é sempre um desafio.
Mas estar ao teu lado seria muito mais fácil
suportar as agruras da vida.

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Eu queria saber porque tu provocas tanta coisa em mim.
Que eu fico aqui ecoando as tuas palavras.
Que tu dizes que queres dormir comigo
E ouvir o meu bom dia.
Tu sabes que essa é a extrema intimidade,
Estar entregue e frágil a quem está ao lado.
As tuas propostas são tão intensas e tu és tão bonita.
Uma combinação explosiva.

Me tens sob teu jugo, como dizia,
Mas vou tratar de me libertar,
Pelo bem de todos nós,
Mentirosa mulher que tanto amei.
diálogos sagrados, feitos de pó,
ali naquele espelho estou só,
não cabe vírgula nessa caminhada.

A flor do inconsciente que beija sua pétala no presente,
a lucidez do bêbado louco, que lapida sua verdade interior,
a preocupação com a pureza da criança,
que aceita a estranheza do mundo sem perguntar porque,
sinto imensamente a tua falta pra me ensinar novos mundos.

quarta-feira, maio 23, 2007

Amor à Distância

Sobretudo nos dias que a luz é fraca,
Abre-se ao olhar a delicadeza dos pequenos gestos,
Os silêncios que derramas desprevenida,
Diante da minha vontade, cheia de segredos,
E ficamos assim os dois a esperar pela felicidade,
Até que ela surge e fixa nas retinas,
A sua doce esperança vã.

Tu és a mensageira dessa outra liberdade,
Construída no cotidiano virtual,
Onde deposito o eu fabricado,
Por palavras e imagens escolhidas a dedo,
Pra não ser impactante demais
Nem deixar de ser percebida.

É um castelo feito de afirmativas puras,
Ali vivemos nosso idílio sem tropeços,
Tu, quando me contas das tuas dores,
Eu, quando me esqueço de ser ranzinza,
Até que um dia deixaremos de diferenciar,
O que é real, do que não nos pertence.

Por enquanto, conta comigo nesse espaço,
Pra te satisfazer os desejos e pudores.
Quem sabe um dia possamos nos conhecer.
E habitar outros lugares e sombras.
Finalmente plenos e carregados de luz.

terça-feira, maio 22, 2007

Eu sou o guardião das impossibilidades.
O santo padroeiro das frases feitas.
Mantenedor da instituição fantasma do trem (doido sô).
Band leader cover-flor mutante technicolor.
Krig-rá bandolo.
Para todo sempre, amém, amém, amém.

Eu sou o tipinho inútil que te ama.
O velho ranzinza que não desencana.
A rima de pé-quebrado que insiste em andar por aí.
Tudo o que não combina nessa casa.
O gosto confuso da manhã que nunca vem.
O hermetismo biográfico registrado com fogo na pedra.

E se nada aqui te for útil, flor hidropônica,
se nada te der frisson sináptica,
eu mesmo assim gozarei outra vez dessa tentativa descartável
de me fazer feliz no cercadinho das tuas atenções,
longe do mundo cru-el, jor-el, do superman, bush, fuck you.
Thank you, thank you, thank you.

sexta-feira, abril 27, 2007

E ao som dos menudos: “não se reprima, não se reprima”, ela se abriu.
E avançando contra seus princípios religiosos, ela confessou: " sou tua".
E eu, poeta vagabundo, fiquei mais sóbrio diante da vida.

quarta-feira, março 14, 2007

Vem conhecer meu não, cravejado de sims,
Vem mastigar minha ambição e cuspir o meu desejo.

Sapateia na minha dor,
como se ela sempre tivesse sido tua.

E quando eu der meu grito de independência,
fecha a gaveta e dá uma risada.

Com tuas muitas receitas, vais encaixando meu não estar,
até que eu possa ser mais uma abelha conformada.

Eu vejo de longe os teus caminhos e desacertos,
carrego a expectativa de quem está no ponto, esperando.

Eu sou teu, mulher do sonho,
apesar da total inutilidade desse amor.

Um milhão de beijos agradecidos,
pelo que nós nunca iremos viver.

Te amo virtualmente para sempre

Amém
Em cada pequena alegria da vida,
uma refeição mais gostosa,
um por do sol na praia,
uma música surpreendente,
falta-me a possibilidade
de compartilhar contigo.
E, sinceramente, sou pela metade.

Ao compreender um pouco mais,
os mistérios da vida a dois,
tu me proporcionaste novas alegrias,
que não consigo deixar pra trás.

Mesmo sabendo da impossibilidade da tua volta,
queria que soubesses que dentro de mim,
continuo te buscando pelos dias e noites,
para mais uma vez ser completo.

Dentro do teu sorriso,
flor da minha certeza.

terça-feira, março 06, 2007

Fosse anzol, formão ou bisturi,
mas papel e caneta é tudo o que tenho aqui.
Tudo muito artesanal,
cada palavra no seu local.
E tu me pedes dois poemas,
como se isso não trouxesse problemas.
E ainda sem emenda,
tudo por encomenda.
Habituado ao fluxo natural da vida,
não conseguia encontrar uma saída.

Mas, lá vai:

Tu és a sombra pro meu burro pastar,
poço pro meu camelo beber,
galho pro meu pássaro aninhar,
rio pro meu peixe crescer.

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Alguém aí, faz o favor de entender,
porque é melhor me fazer de contido,
porque o meu grito é descabido,
porque eu sou o filho da discórdia,
e cada verso meu, deve permanecer escondido,
porque eu sou o mal resolvido,
o que não acredita na força da família
e a cada passo condena sua cria,
o que não vê, não ouve e está sozinho,
afastando toda a possibilidade do ninho,
deveria ser jogado fora, sem demora,
pois não acredita na danação final,
aquele que está calado diante do bem
e mais ainda diante do mal.

Esse sou eu e te propõe num dia,
o resultado de toda a euforia,
e acordaria intacto, num sorriso,
isso é tudo o que eu não preciso.
Adeus então, mais uma vez, amada,
sejas a última abençoada,
com minha voz de poeta ateu.
Daquele que sempre foi teu
e jamais acreditou na tua sina
arrancando a voz dessa outra menina.

Te amo, obrigado, até nunca mais,
em nome desses outros animais,
fica a minha palavra escrita,
é uma força de quem acredita
que um dia seremos um.
um beijo, um abraço, clac, bum.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Nietzscheana

Eu te revi na entrelinha de um poema,
sentada numa cadeira de sol.
Eu suspirei teu nome no limite perfeito
entre o desejo e o medo.

Não fui eu e acreditei numa mudança.
Não fui eu e aguardei uma resposta.
Não fui eu e lembrei daqueles dias.

Eu te aguardarei, pelos outros que virão
e já meio alquebrado, calvo,
serei mais uma vez o fiel portador
da armadura prateada.

Até que me consuma a imensa vontade de te ter,
impossível desde sempre
e eu desapareça da tua vida
por outros tantos anos.

Eterno retorno do grande amor.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

La Flor de Mi Secreto

Com que grande gesto de amor
queres que eu tente te esquecer, vida minha?
Como num bolerão, dançado cheeck to cheeck,
num filme do Almodóvar?

Mas nos meus sonhos vespertinos,
eu pressinto tua volta, sala adentro,
toda sorrisos, cumprimentarás a família,
até que, olhar cúmplice, me darás tua mão.

E eu, cego, surdo e mudo, desperto,
olho a porta que nunca se abriu,
suspiro profundamente mais uma vez
e aguardo o próximo tac do relógio.

Inexorável, impiedoso, fatal,
tempo longe dos teus braços.
Puro bolerão num filme do Almodóvar.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Ainda que estejas distante,
sonho bom que passou na minha vida,
quero te desejar daqui pra diante,
toda alegria e felicidade, nesta data querida.

O poeta vê seu amor escapolir entre os dedos.
Tenta reconstruir o caminho nessa longa jornada.
Carregarei comigo este lindo jardim de segredos,
onde vivem as horas luminosas em que foste amada.

Obrigado, querida Carlinha, por ser personagem principal na minha peça.
Por todas as gargalhadas, pela força quando fui triste.
O desejo de te dar abraço e beijo, não há quem meça,
esperança que carrego, alegria que insiste.

Parabéns pra você, baixinha do meu coração.
Se eu soubesse rezar, faria aqui uma prece,
pra veres teus desejos virarem realização,
desse, que do teu carinho nunca se esquece.