domingo, janeiro 09, 2011

Quem é teu
jardim secreto,
minha doce
alma triste?

Cercada de
medos e silêncio,
suspiras.

Revelas luzes
e aromas
inaudíveis.

Assustas
os pássaros azuis
da esperança.

Fazes do tempo,
o escravo
da estupidez.

E passas,
sem desperdiçar
meu olhar.

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Quem me dera descobrir,
numa tarde amena,
que eu sou o pai de mim mesmo.

E que todas as possibilidades do caminho,
fui eu mesmo que inventei,
quando era capaz de uma inocência
sem fronteiras.

Quem dera eu poder te abraçar
e me diluir na paz desse amor.
Desfraldar a bandeira da ausência do ego
e mergulhar na tua candura mais secreta.

Eu bem que mereço ser feliz um dia,
mas tudo isso não pertence ao tempo.

Eu sei que estás protegida.
Eu quero cantar essa versão do meu nunca,

mas agora vou descansar,
sob a sombra das flores insuspeitas
e morrer outra vez:

aqui jaz um homem esquecido de si.

quarta-feira, janeiro 05, 2011

Com que fome,
com que sede,
eu te retribuo.

Desmarcando a hora,
embaralhando o acertado,
cuspindo fora a regra,
talhando o leite...

Eu não tô rindo,
nem acho engraçado.
Não sei explicar,
mas entendo.

O pescador
chama de cerco,
mas hoje
não tem tainha
pra você.

Eu já sabia que ia dar nisso,
mas não desse jeito.

Não conhecia uma mulher
tão parecida comigo.
E continuo sem conhecer.

Nilo
A Morte do Herói de Dentro

Mas agora quem habita
essa conduta vã,
não mais acredita
nos princípios.

Como naus
que voejam pelas causas
outrora certeiras.


Não há mais maneiras,
somente o caminhar.


Precipícios, desejos, beiras,
estar poeticamente no mundo,
imperceptível claudicar,
furúnculo na crosta de tudo.

Expressão dessa desesperança
que já não sabe ser má, nem boa.
Terra infértil que se desboroa.

Velha cantiga que pensei tatuada,
agora borrada e sumindo,
com a chuva que cai,
na pele dos meus sonhos mortos.