terça-feira, março 01, 2005

Cartas ao teu vulto

Meu amor, silenciosamente enlutado.

Meu coração tem usado chapéu e sobretudo,
nesse eterno dia chuvoso e frio,
que sucedeu tua partida e está se repetindo,
num moto-perpétuo de: dor, solidão , abandono e desesperança.

Mas o que eu tento te dizer,
já nã faz sentido nenhum.
Estou preso numa bolha congelada de espaço-tempo,
quando estávamos juntos e felizes.
Hoje resta este imenso derramar de mensagens
que não obterão resposta.
É como escrever a uma pessoa que já não está viva.
Mas numa psicografia às avessas,
não encontra um médium no lado de lá.

Gritos no vácuo.
Auschwitz e Chernobyl.
Terra do Fogo, o lado escuro da lua e
certas noites nas ruas do Desterro,
vento sul e medo das bruxas.

O inferno de todo dia está ficando intolerável.
E agora eu sei que estou chorando
porque tenho que matar alguma parte do meu sentir,
do meu coração, para poder sobreviver.
Esse tipo de sentimento não é charmoso nem poético.
É pura pedreira.