sábado, fevereiro 23, 2008

minha língua de fogo
arrasta teu coração míope
pra beira do rio
e te faz lamber a sombra
das árvores menores
e as mais azuladas

minha língua de gato
e tem mais

toda terça sem sol,
às 9:22 da manhã
eu acendo uma vela
no meu pensamento
pra resgatar minha saudade
dar banhinho nela,
vestir uma roupa
e levar pra passear na praia.

é que eu sou um cara
essencialmente fofo, entende?

eu sou poeta.
gosto de dar nomes
pra coisas estranhas e invisíveis.
língua de trapo, língua ferina.
língua de feriado.

embrulha pra mim, por favor?
mas corta bem fininho, tá?
nossa, mas a senhora está muito bem Dona ...
e como vai o Seu ...
minhas condolências
mas ele era tão novo
quantos netos?
deus te abençoe minha filha
e te conserve sempre assim

tudo está girando pelo azul
eu sigo sonhando com teu blues
e nem mesmo fosse uma toada
branco sonho leve na calçada

meu ofício é ingrato iglu
vivo aos tombos se olho pra dentro
se te vejo e ouço, um dia perto
certo, vou gozar a vida sul.

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