O amor é uma flor
que nasce num canto.
E que apesar do espanto,
ou do desencontro,
termina em pranto.
Um pronto maremoto
no mar interior.
Um cancro no mastro
do mar morto
do monstro.
E se mesmo casto,
no vasto campo
da eternindade,
não é mais
que um canto,
agora prenhe
dessa saudade.
para Heleno de Freitas
Nilo Neto
domingo, agosto 26, 2012
quarta-feira, junho 06, 2012
acorda flor de espanha,
acorda malaguenha
e vem depositar teu sorriso
de menina mulher
no beiral da minha janela triste.
vem fecundar essa terra árida,
com o calor das tuas
coxas bailarinas.
vem como um siroco louco
levantar toda a dor,
do meu peito de poeta menor.
vem que eu sei de cor,
todos os versos,
madrigais e sonetos.
vem que te prometo um ninho,
cheio de silencioso carinho.
traz no teu colo o velho vinho,
das terras dos teus antepassados.
lentamente olvidemos os percalços,
traz o pão, o azeite
e as ervas de raro sabor.
com teu caminhar,
vai reconstruindo teus sonhos
de menina moça,
da donzela de quixote.
e aqui vai meu último mote:
enquanto houver
esperança e vida,
estarei te esperando,
alma querida.
até o desenlace final
desse vaso decadente,
até que o passado,
futuro e presente,
fundam-se num último
sacrifício ao deus baco.
evoé sacerdotisa,
que em meu cálice
se eterniza.
desperta, flor de espanha,
desperta, meu único amor.
tens já, aqui, tua missão,
apascentar meu coração.
e tudo mais
nos será concedido.
abriremos com sorrisos
templários, os vários
portais dos jardins
do paraíso perdido.
finalmente reconstruídos,
nas douradas células
de nossas vestes finais.
livres de todos os pecados originais,
até que não haja nunca mais,
choro e ranger de dentes,
nesses vales obscuros.
luzes somente,
em nosso bailar astral,
amantes, amores,
amigos e confidentes,
parando o tempo
nessa fenda dimensional,
chamada pelos bem aventurados
simplesmente de vida.
até que a fênix pouse tranquila nas chamas
e faça de cada amanhecer
um completo recomeçar,
assim prometo te amar,
flor de espanha,
malaguenha, cigana,
judia, bérbere,
mulher brasileira,
de mistura tamanha,
vencedora da luta ferrenha,
dos meus ais,
da minha guerra secreta,
feita de consoantes e vogais.
a teus deuses rogais, toda noite,
lâmpada mágica em punho,
a pisar como vestal,
sem deixar vestígios,
nas velhas tábuas rangentes
do meu abrigo.
trago marcado a fogo,
meu cantar antigo,
vem tu me despertar,
que agora te soa conhecido,
que aquele que te fez,
perdeu a receita,
és a menina mulher perfeita.
e nada mais posso te dizer,
senão do meu infinito querer.
até que completo, entregue
o óbolo ao barqueiro final.
acorda de uma vez,
flor de espanha
e com tua alquimia,
transforma meu pranto
em interminável carnaval.
nilo neto
desterro 5/6/12
sexta-feira, maio 04, 2012
não preciso do teu silencio
pra parecer absorto.
quando não te sei,
me finjo de morto.
ligo aqui essa cápsula eletronica,
navego na ironia
de te buscar na rede,
e te encontrar dentro de mim.
mesmo assim sigo tentando
num telefone te azucrinando
ele segue tocando, tocando,
ninguém atende ao meu comando.
por isso vou me desencostar da nuvem.
eu sei que aqui não estás também.
o que for fazer de mim, faça bem,
porque não sou pai de ninguém.
pra parecer absorto.
quando não te sei,
me finjo de morto.
ligo aqui essa cápsula eletronica,
navego na ironia
de te buscar na rede,
e te encontrar dentro de mim.
mesmo assim sigo tentando
num telefone te azucrinando
ele segue tocando, tocando,
ninguém atende ao meu comando.
por isso vou me desencostar da nuvem.
eu sei que aqui não estás também.
o que for fazer de mim, faça bem,
porque não sou pai de ninguém.
boa noite, noite
o teu manto esconde
o açoite da solidão
fiel deleite
dos perdidos de amor
dos que erraram o rumo
e afundaram
sem solução
em tuas espaldas negras,
estrelas nunca navegadas,
teimam em conduzir
minha pobre poesia.
mas esse astrolábio,
está eternamente inalcançado
no olhar daquela ingrata
boa noite, noite
velha parceira
de silêncio e bênção
partilhemos ainda
uma vez mais
o veneno
dos beijos impossíveis
dos amores não vividos
dos dias sem porquê
tua desdita
me aconselha a não sentir.
mas tu mesma,
noite sem fim,
me conduzes suavemente
ao bálsamo das palavras.
essas sim, alívio e desafio
da minha vida, tão longe
do grande amor.
o teu manto esconde
o açoite da solidão
fiel deleite
dos perdidos de amor
dos que erraram o rumo
e afundaram
sem solução
em tuas espaldas negras,
estrelas nunca navegadas,
teimam em conduzir
minha pobre poesia.
mas esse astrolábio,
está eternamente inalcançado
no olhar daquela ingrata
boa noite, noite
velha parceira
de silêncio e bênção
partilhemos ainda
uma vez mais
o veneno
dos beijos impossíveis
dos amores não vividos
dos dias sem porquê
tua desdita
me aconselha a não sentir.
mas tu mesma,
noite sem fim,
me conduzes suavemente
ao bálsamo das palavras.
essas sim, alívio e desafio
da minha vida, tão longe
do grande amor.
quarta-feira, março 14, 2012
quinta-feira, fevereiro 16, 2012
à mulher do futuro
minha alma velha,
meu primeiro amor,
não foi tempo perdido.
ninguém mais sentou
nessa cadeira
da nave especial.
nem viu o sol nascer dourado
numa praia deserta, na ilha
e tinha isso, lembra?
aqui do ladinho, no século XX.
e tantos "ses" se me
atravessam a medula,
que outro eu seria
se tivesses dito sim?
há o truque do final feliz
na vida real?
primeiro seremos fortes,
pra depois sermos felizes?
na impossibilidade do beijo
guardo um baú de poemas.
vejam o sol,
dessa manhã
tão cinza...
nilo neto
minha alma velha,
meu primeiro amor,
não foi tempo perdido.
ninguém mais sentou
nessa cadeira
da nave especial.
nem viu o sol nascer dourado
numa praia deserta, na ilha
e tinha isso, lembra?
aqui do ladinho, no século XX.
e tantos "ses" se me
atravessam a medula,
que outro eu seria
se tivesses dito sim?
há o truque do final feliz
na vida real?
primeiro seremos fortes,
pra depois sermos felizes?
na impossibilidade do beijo
guardo um baú de poemas.
vejam o sol,
dessa manhã
tão cinza...
nilo neto
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