quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Alguém aí, faz o favor de entender,
porque é melhor me fazer de contido,
porque o meu grito é descabido,
porque eu sou o filho da discórdia,
e cada verso meu, deve permanecer escondido,
porque eu sou o mal resolvido,
o que não acredita na força da família
e a cada passo condena sua cria,
o que não vê, não ouve e está sozinho,
afastando toda a possibilidade do ninho,
deveria ser jogado fora, sem demora,
pois não acredita na danação final,
aquele que está calado diante do bem
e mais ainda diante do mal.

Esse sou eu e te propõe num dia,
o resultado de toda a euforia,
e acordaria intacto, num sorriso,
isso é tudo o que eu não preciso.
Adeus então, mais uma vez, amada,
sejas a última abençoada,
com minha voz de poeta ateu.
Daquele que sempre foi teu
e jamais acreditou na tua sina
arrancando a voz dessa outra menina.

Te amo, obrigado, até nunca mais,
em nome desses outros animais,
fica a minha palavra escrita,
é uma força de quem acredita
que um dia seremos um.
um beijo, um abraço, clac, bum.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Nietzscheana

Eu te revi na entrelinha de um poema,
sentada numa cadeira de sol.
Eu suspirei teu nome no limite perfeito
entre o desejo e o medo.

Não fui eu e acreditei numa mudança.
Não fui eu e aguardei uma resposta.
Não fui eu e lembrei daqueles dias.

Eu te aguardarei, pelos outros que virão
e já meio alquebrado, calvo,
serei mais uma vez o fiel portador
da armadura prateada.

Até que me consuma a imensa vontade de te ter,
impossível desde sempre
e eu desapareça da tua vida
por outros tantos anos.

Eterno retorno do grande amor.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

La Flor de Mi Secreto

Com que grande gesto de amor
queres que eu tente te esquecer, vida minha?
Como num bolerão, dançado cheeck to cheeck,
num filme do Almodóvar?

Mas nos meus sonhos vespertinos,
eu pressinto tua volta, sala adentro,
toda sorrisos, cumprimentarás a família,
até que, olhar cúmplice, me darás tua mão.

E eu, cego, surdo e mudo, desperto,
olho a porta que nunca se abriu,
suspiro profundamente mais uma vez
e aguardo o próximo tac do relógio.

Inexorável, impiedoso, fatal,
tempo longe dos teus braços.
Puro bolerão num filme do Almodóvar.