domingo, agosto 07, 2011

poemeto religioso: 
e o silêncio pairou sobre as dúvidas, 
sombra singular do sem nome.

domingo, fevereiro 20, 2011

quero te esgotar dentro de mim

não aguento mais

quero uma camisinha pro meu espírito

não quero mais te sentir



quero ficar quieto de vez em quando

mas o teu fantasma é muito barulhento

arrasta panelas pela casa

esquece de fechar a porta



preciso de um minuto comigo

pra encontrar aquela chave

e te tirar do meu baú



para de tomar cerveja sozinha

em sábado de lua cheia

pra depois ficar me ligando

e dizer que eu sou

o homem da tua vida



mas quando eu te quis

tu fugiste, de novo,

de novo e de novo...



agora preciso ficar

um pouco comigo

e sozinho

reiventar essa solidão

feita dos orgasmos

que não tivemos juntos

das noites de verão

que não viram

nosso sorriso na sacada

dos sabores de pizza

que não provamos juntos

da velha canção de amor

que não embalou

nossos dias pela cidade



vai embora de dentro de mim

mulher estranha

que precisa aprender

a pular muros

jogar fora o cabeção

antes de poder

me pedir em casamento

pros meus pais

e finalmente a gente

poder fazer a nossa filhinha.
(pro vinicius de moraes que fez a música mais linda do mundo... eu sei que vou te amar)

qualquer coisa que ela toque, 
qualquer sonho dela, 
qualquer jeito dela pegar a caneta, 
qualquer sobra de pizza dela, 
qualquer lágrima em filme meloso, 
qualquer tango, 
qualquer samba, 
qualquer roquenrou.

tudo isso me faz saber 
que sou mais triste que o poetinha, 
porque não estou com ela 
quando escrevo esse poeminha.

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

quem é essa mulher
que me toma pela mão
nessa noite fria de verão?

quem é essa que me chama
de meu homem, meu amor meu chão?

ela me fez cativo
da pena final
ela é minha sina
meu código penal

quem é essa dona
que mora no meu coração
que me olhou desse jeito
como se me conhecesse
melhor que minha mãe?

quem deixou que ela me achasse
nesse mar de iniquidades
nesse vale de lágrimas
e que sorrisse pra mim
como se o fim do mundo
nunca fosse acontecer

e sem promessas vazias
me pediu tempo pra descobrir
o que fazer comigo

pra me carregar no colo
quando a tempestado vier
e ser meu porto seguro
depois da guerra do dia a dia

ela me perguntou,
como só quem tem coração de criança faz
o que voce quer comigo?

e eu relutei
eu finalmente emudeci

então disse
eu quero viver um grande amor contigo

e ela acreditou

e hoje estamos de mãos dadas
aguardando a nave
que nos levará
de volta para o infinito

quem é essa mulher?
quem é essa deusa viva?
quem é essa passagem pro paraíso?

eu agora estou vivo

eu
não
estou
mais
sozinho

posso respirar
posso te amar
posso me aninhar
posso enfim morrer.

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Poema em três tempos

1. Antes de te encotrar...

As palavras
Velhas companheiras
Da luta
Contra a dura realidade
Escorrem pela caneta,
Se espatifam no papel,
Pra tentar dizer, sempre,
O que o silêncio sabe mais,
Que o amor emudece,
E traz calor às mãos.

2. Durante nosso encontro...

Tenta fugir,
Corre,
Faz do vento tua força,
Do mar tua estrada,
Vai pra bem longe daqui.

Mas a lua,
A espiã do meu amor
Vai te encontrar
E te dizer, brilhando,
De todo o meu encanto.

Alea jacta est

3. Depois de te encontrar...

A lua, meu amor,
É dos namorados
E no seu passeio alado
Ela nos revela seu segredo,
Não há medo que vença o amor,
Não há palavra que esconda meu calor
E assim,
Embriagado com teu perfume
De jasmim,
Eu saio de mim
Abandono a velha cantiga
E esquecido do passado sigo a trilha
Desse encanto misterioso
Eu sou teu e você é minha,
E tendo a lua por testemunha,
Reacendo nossa chama,
Tudo o que nos cerca trama,
Vencido estou pela magia,
Queres alguma outra canção?
Toma meu coração
Ele já não me pertence
Grito e, quieto te chamo:
Elisa Eu te amo!

terça-feira, fevereiro 15, 2011

parole

eu te amo como um poço seco
como uma pomba atravessando uma floresta em chamas
amo como um surfista olhando o mar num dia sem ondas

eu te amo como a barata olhando o chinelo levantado

eu te amo como uma sombra sem dono

como uma mãe que reencontra o filho perdido no shopping

amo como um dia de sol no deserto

eu te amo como a fruta mais doce colhida no pé

eu te amo todo dia

e passo o tempo procurando palavras novas dentro de mim

pra te dizer que te amar é fácil

como nascer de novo

domingo, janeiro 09, 2011

Quem é teu
jardim secreto,
minha doce
alma triste?

Cercada de
medos e silêncio,
suspiras.

Revelas luzes
e aromas
inaudíveis.

Assustas
os pássaros azuis
da esperança.

Fazes do tempo,
o escravo
da estupidez.

E passas,
sem desperdiçar
meu olhar.

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Quem me dera descobrir,
numa tarde amena,
que eu sou o pai de mim mesmo.

E que todas as possibilidades do caminho,
fui eu mesmo que inventei,
quando era capaz de uma inocência
sem fronteiras.

Quem dera eu poder te abraçar
e me diluir na paz desse amor.
Desfraldar a bandeira da ausência do ego
e mergulhar na tua candura mais secreta.

Eu bem que mereço ser feliz um dia,
mas tudo isso não pertence ao tempo.

Eu sei que estás protegida.
Eu quero cantar essa versão do meu nunca,

mas agora vou descansar,
sob a sombra das flores insuspeitas
e morrer outra vez:

aqui jaz um homem esquecido de si.

quarta-feira, janeiro 05, 2011

Com que fome,
com que sede,
eu te retribuo.

Desmarcando a hora,
embaralhando o acertado,
cuspindo fora a regra,
talhando o leite...

Eu não tô rindo,
nem acho engraçado.
Não sei explicar,
mas entendo.

O pescador
chama de cerco,
mas hoje
não tem tainha
pra você.

Eu já sabia que ia dar nisso,
mas não desse jeito.

Não conhecia uma mulher
tão parecida comigo.
E continuo sem conhecer.

Nilo
A Morte do Herói de Dentro

Mas agora quem habita
essa conduta vã,
não mais acredita
nos princípios.

Como naus
que voejam pelas causas
outrora certeiras.


Não há mais maneiras,
somente o caminhar.


Precipícios, desejos, beiras,
estar poeticamente no mundo,
imperceptível claudicar,
furúnculo na crosta de tudo.

Expressão dessa desesperança
que já não sabe ser má, nem boa.
Terra infértil que se desboroa.

Velha cantiga que pensei tatuada,
agora borrada e sumindo,
com a chuva que cai,
na pele dos meus sonhos mortos.