quarta-feira, outubro 20, 2010

Sobre a impossibilidade de amar demais

A partir de hoje,
habitará em teu coração,
meu amor silencioso,
obsequioso,
dadivoso e
coberto de paz.

Não espero dele
mais que um repicar
de sinos,
numa igreja perdida
de cidadezinha
do interior.

Justamente
às seis da tarde
eles me lembrarão,
que em algum lugar
também teu coração
bate por mim.

E se nossos destinos,
escritos no livro de ouro
dos grandes encontros,
não passarem de
uma miragem
nos desertos da vida,
saibas que naquela
noite de lua cheia e vinho
foste minha
e eu, somente teu.

Amor que não transbordou
da taça dos desejos,
mas preencheu
meu coração vadio
de alegria e acolhimento.

Agora volto a navegar,
porque esse é meu mistério:
não pertencer a nenhum
porto seguro.

Mesmo sabendo que
cada um deles
é semente.

Uma parte de mim
que um dia,
filho da fé de ser um contigo,
há de se metamorfosear
em sombra
para os buscadores
solitários
que amam
demais.