sexta-feira, junho 27, 2008

fel

eu não preciso
da tua permissão,
eu quero
o que transborda,
o som que atravessa a parede,
o que brilha,
mesmo no mais fechado
buraco escuro.

quero o que a tua razão
não te permite ver.
o que o teu medo
não consegue segurar.

a palavra que escapa.
o meu olhar
te surpreendendo
a olhar pro lugar proibido.
a terra que ninguém
ouviu falar.

não quero a liberdade vigiada.
não pago preço nenhum.
eu sou o vento que te descabela
permanentemente.

até que tu desistas
de lutar contra.
e descubras o prazer
de não ser mais uma,
mas uma multidão
em ti mesma.

a tua intuição já sabe.
ela que te segura no precipício.
no mais respiro e tento
um dia mais propício.

quarta-feira, junho 25, 2008

é sobretudo o que eu jamais
vou compreender,
que se aloja no mais profundo
da minha lembrança vadia.

e toda a anestesia do mundo
não me arranca da consciência.
e eu percebo sem explicar,
que o tempo não existe.

ela é feita
da minha mais pura poesia.
e carrega seu arco pelas ruas
e atira flechas contra
todas as feiuras.
e me revela.

meu outro eu perfeito.

sim, sou eu que te abraço
mais uma vez,
olhos brilhando.
caminhando pelo labirinto.
amor?

segunda-feira, junho 09, 2008

As ondas da vida cotidiana
estão começando a bater
nas pedras do meu costão.

É sempre
o momento mais delicado do vôo,
o toque dos pneus no asfalto.

A reentrada na atmosfera.

O despertar do longo sono
sem sonhos
da anestesia geral.

Cresce a esperança?
Mastiga a vida,
último naco da carne dura,
sem dentes?

E agora, José?