O que é feito de mim sem as tuas mãos,
É que o meu aleijão fica mais saliente.
Meus olhos menos transparentes,
Vida sem água de beber.
O que é feito de mim sem as tuas mãos,
É que meu mundo fica muito maior que meus sapatos
E me aperta ao respirar. Como se o sol morresse
E todas as dúvidas fossem enxurradas de verão.
O que é feito de mim sem as tuas mãos,
É que segredo nenhum apaga a dor
E os passarinhos todos perdessem os galhos;
E eu fosse mais um andarilho sem estrada.
O que é feito de mim sem as tuas mãos,
É que meu corpo já não se reconhece mais
E a casa toda fosse um leprosário ou hospício,
Onde a liberdade estivesse perdida pra sempre.
Sem tuas mãos perco toda a possibilidade do equilíbrio
Nessa corda bamba que é a vida.
Rede de segurança? Nem sei se existe.
Caio sem parar num choro sem lágrimas, nem fim.
Por favor mãos amadas, perdoem este poeta,
E voltem a gravitar no meu infinito,
Sem teu calor, nada faz muito sentido,
Sem tua força, prefiro fenecer sem destino.
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