sexta-feira, dezembro 17, 2004

O que é feito de mim sem as tuas mãos,

É que o meu aleijão fica mais saliente.

Meus olhos menos transparentes,

Vida sem água de beber.



O que é feito de mim sem as tuas mãos,

É que meu mundo fica muito maior que meus sapatos

E me aperta ao respirar. Como se o sol morresse

E todas as dúvidas fossem enxurradas de verão.



O que é feito de mim sem as tuas mãos,

É que segredo nenhum apaga a dor

E os passarinhos todos perdessem os galhos;

E eu fosse mais um andarilho sem estrada.



O que é feito de mim sem as tuas mãos,

É que meu corpo já não se reconhece mais

E a casa toda fosse um leprosário ou hospício,

Onde a liberdade estivesse perdida pra sempre.



Sem tuas mãos perco toda a possibilidade do equilíbrio

Nessa corda bamba que é a vida.

Rede de segurança? Nem sei se existe.

Caio sem parar num choro sem lágrimas, nem fim.



Por favor mãos amadas, perdoem este poeta,

E voltem a gravitar no meu infinito,

Sem teu calor, nada faz muito sentido,

Sem tua força, prefiro fenecer sem destino.

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