domingo, setembro 30, 2007

Se for morrer, me avisa.
Assim arrumo a maior briga
de todos os tempos.

Senão, esfrega esse corpo
redondo, macio e cheiroso no meu.
Que temos 4.327 maneiras de encaixar.

Como aquele jogo antigo,
de blocos de madeira,
imitando paredes de tijolo,
casas e torres.

Nós nos construimos,
com abraços e beijos.
Enquanto o relógio para de vez.
sem amarelo

é quando mais a gente tem certeza
que a seca nunca vai acabar.
e caem as primeiras gotas.
antes de vir o cheiro de terra molhada.
bem ali, na presença do milagre.

se, e quando, tu pensas em mim.
isso tudo pinta um quadro vivo

quinta-feira, setembro 27, 2007

Dor e Poesia

Porque tu sabes apertar os meus botões
E botar no sol minhas feridas,
Porque tu és o sereno que molha meu jardim com flor,
Vida, sempre tão suave e exata.

Porque eu faço questão de tentar esquecer
que alguém possua as chaves da minha solidão,

Tão perdido fico na tua presença,
Que só consigo pensar em deus.
( e ele devia estar morto há muito tempo);

Soberana absoluta do meu silêncio.
Do fio condutor do meu desejo.
Eis-me aqui, mais uma vez.

Os braços abertos como o outro.

Feliz por te saber parte desse sonho.

quarta-feira, setembro 12, 2007

Nossas conversas
parecem hai-kais.
Diria minimalistas.
Pra fugir da dor.

Um olá como vai,
carrega mil sentidos.
Fora os omitidos,
pelas famosas entrelinhas.

E já estou sendo prolixo.

segunda-feira, setembro 10, 2007

todo fim de tarde
milhões de bebuns se dirigem aos butecos
em busca da risada perfeita.
não encontram.
ninguém jamais encontra.
Mas eles voltam todo dia.
Até que o fim se mostre.
E se mostra para muitos.
Antes de qualquer poesia.

O poeta louco vira pop star.
E aparece na propaganda
de detergente ou pasta de dente.
E você sentado em sua poltrona,
Entre um sorriso e um produto, pensa
Esse mundo está mesmo perdido,
O capitalismo selvagem delirante,
tem lugar pra todo mundo.
Um brinde ao sonho e a tudo
que não pode ser classificado,
embalado e pesado.

ainda...
Eu não sei de nada.
Não entendo.
Existe uma delicadeza na escolha das palavras que se assemelha a um carinho.
Um lento carinho nos cabelos.
Dedos abertos enquanto os negros cabelos deslizam suavemente.
Isso é um jeito de driblar a morte.
Pode se chamar poesia.